Pois bem, adianto que estou usando meus privilégios de autor do blog para comentar de forma mais completa a primeira publicação de Rafinha.
Admito também certo privilégio por me aprofundar relativamente no tema dos estudos sobretudo nos do ensino médio em pesquisas da faculdade.
Pois bem, entendo sim que se deve desenvolver o prazer nos estudos. Também que a obrigação de certa forma rechaça esse prazer. Acontece que esse prazer deve existir, porém na atual situação do sistema educacional, ela acontece somente e não obrigatoriamente, nas faculdades. Via de regra, você escolheu o curso que faz e estuda o que precisa para ser FORMADO em determinada profissão. Acontece que na escola, desde os primeiros anos no maternal, até o pré-vestibular, o sistema de ensino é completamente deturpado e inescrupuloso. Não acredito que seja por maldade dos professores e diretores. Sim de quem desenhou esse modelo. Maurício Tragtenberg chega a dizer que a escola é um instrumento de dominação do homem. E não penso diferente, nem eu nem a maioria dos importantes autores sobre a educação que conheço. Paulo Freire, pernambucano, conhecido como o maior educador do mundo, a exceção de Jesus Cristo (essa exceção cabe apenas em quem nele acredita), nega a existência da educação autentica nas escolas. O que acontece é um modelo de educação bancária, onde o professor apenas "deposita" conhecimento numa vasilha "que é o aluno". Há tempos queria entrar nesse assunto e adorei o ensejo.
No momento, estou desenvolvendo uma pesquisa sobre a troca de saberes, mais precisamente o relacionamento entre os conhecimentos acadêmico-científicos e os populares. É de conhecimento até do mundo mineral (que Mino Carta me desculpe o plágio, mesmo tendo certeza que ele não tomará conhecimento) que o saber científico há séculos se diz superior ao saber popular e alguns autores no último século já vem contestando essa idéia. Edgar Morín, grande filosofo e sociólogo francês, discutiu com um índio em um seminário, sobre a importância dos saberes indígenas. Não é pouco a quantidade de conhecimento que os laboratórios fármacos usurparam de tribos indígenas sem ao menos mencionar a origem.
Voltando a Paulo Freire, ele demonstra que entre professor e aluno, há uma relação opressor-oprimido e que, enquanto essa dicotomia existir, não poderá haver educação autêntica nem uma justa sociedade. Sugere que a educação deve ser entre iguais e que deve haver uma troca de saberes. Em verdade, não a docência sem discência, não há ensino sem aprendizagem. Quem ensina deve ao mesmo tempo aprender e quem aprende, ensinar. Não há maneira de se aprender através de depósitos, comunicados. A aprendizagem envolve o ser, o realizar, o fazer e o refletir. A crítica é um fruto de uma reflexão provocada pela curiosidade. Portanto, deve-se pesquisar, entendendo pesquisa como uma reflexão crítica sobre o que está sendo ou foi realizado. Freire tinha por mote a educação para a LIBERDADE. Sobre a liberdade, Michel Foucault disse tê-la experimentado e descreveu que a liberdade também é uma forma de repressão.
É por isso e muito mais que, concordo com Rafinha, o estudo deve ser com prazer, mas discordo da forma de educação colegial. Completamente. Ela é a ferramenta que nos faz bonequinhos do mercado. Faz-nos assistir Big Brother sem saber por que, só tendo os sentimentos dos participantes depositados em nós, sem nunca termos tempo de senti-los. É ver que na novela até o filho da empregada doméstica usa roupas sempre limpas e novas, colares e pulseiras e ainda diz que estão velhas. Acabo de notar que se temos três coisas ruins são, a Escola, a Mídia e o Mercado, sabendo que os dois primeiros derivam do último.
Fico por aqui, pois já passa da meia-noite e amanhã tenho uma tortura marcada com a dentista às 8h da madrugada!
Um comentário:
Sem muitos comentários!!!!!
Amei Diego!
Muito daquilo que penso está no seu texto!
Mais uma vez, e eu não me canso nunca, PARABÉNS!
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